24 de fevereiro de 2010

Um ano a mais não faz mal

QUEM FAZ 6 ANOS DEPOIS DE MARÇO VAI SAIR DA ESCOLA MAIS TARDE. MAS O “ATRASO” PODE SER UMA VANTAGEM

A partir deste ano, todas as escolas estão obrigadas por lei a implementar o ensino fundamental de 9 anos, o que significa que as crianças devem estar matriculadas nessa etapa de ensino já aos 6 anos. Mas, a partir de 2011, os alunos deverão ter 6 anos completos ou a completar até 31 de março do ano letivo para passarem da educação infantil para a próxima fase. É o que determina resolução do CNE (Conselho Nacional de Educação), homologada pelo MEC (Ministério da Educação), que deverá ser enviada ao Congresso Nacional na forma de projeto de lei.

A novidade é que, com as novas regras, alguns alunos terminarão os estudos mais tarde do que no antigo sistema, de 8 anos, já que crianças com 5 anos que fazem aniversário depois da data de corte não poderão ingressar no ensino fundamental. Mas calma. Se este é o caso do seu filho, não há motivo para se preocupar. Educadores apontam que o problema mesmo é convencer os pais de que esse tempo a mais na escola não é desvantagem. E não é mesmo. Pelo contrário, é até positivo.

Terminado o colegial, chegará a hora de seu filho tomar decisões importantes, como a escolha da carreira. Se aos 17 já é complicado, imagine aos 16. Um ano até parece pouco, mas pode fazer a diferença, pois o tempo “perdido” se transforma em ganho, e o aluno estará mais maduro e preparado. Mas não é apenas a idade certa para concluir os estudos que os pais devem ter em mente. A hora certa para começar também é importante.

O ingresso de crianças com 5 anos no ensino fundamental realmente não é adequado. É o que pensa Maria do Pilar Lacerda, mãe de Felipe e Natália, secretária de Educação Básica do MEC. “Os objetivos do ensino fundamental e a natureza da educação infantil são diferentes”, explica ela. Além disso, aos 5 anos, a alfabetização e outras aprendizagens que se iniciam no ensino fundamental são incoerentes e não fazem sentido para o pequeno aluno.

Em outras palavras, a passagem da educação infantil para o ensino fundamental é marcada por muitas mudanças importantes, e o aluno precisa estar preparado para isso. E, aos 5 anos, para completar 6 somente no fim do ano, o aluno pode até ter preparo pedagógico, mas não emocional. Não é à toa que os educadores consideram que 6 anos é a idade ideal para o ingresso no ensino fundamental. É nessa idade que se desenvolvem as funções motoras, sociais e afetivas necessárias para a fase. Além
disso, vale lembrar que, se colocados na escola mais cedo que o recomendado, os pequenos perdem bastante do “ser criança”. E o resultado dessa entrada precoce é o que os pais menos querem: falhas no desenvolvimento.

Não há por que lamentar um ano a mais na escola – as crianças só têm a ganhar com isso. Quando não há maturidade suficiente, seja para o ingresso no ensino fundamental ou para a conclusão dos estudos, não adianta forçar a barra, pois, em vez de ajudar, isso só causará sofrimento para a criança.

Fonte: Pais e Filhos